Encontro Inter-regional de Pescadoras traz mulheres de 13 municípios

 

Mulheres de 13 municípios litorâneos de Santa Catarina se deslocaram até Itapoá para o IV Encontro Inter-regional de Pescadoras do Litoral Norte. Além de se encontrarem e conhecerem colegas do ofício de diferentes cidades, as pescadoras aproveitaram para ampliar conhecimento com palestras sobre questões de gênero, família, saúde, políticas sociais e de inclusão.

Promovido pela Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), por meio da Gerência Regional de Joinville, e a Prefeitura Municipal de Itapoá, por meio da Secretaria de Agricultura e Pesca, com o apoio do Sicoob, o evento foi muito comemorado depois de dois anos suspenso. “Sinto-me honrado em receber esse encontro em nossa cidade que, além de ser portuária e balneária, tem muitas mulheres que trabalham na pesca artesanal. Essa atividade é de extrema importância para a economia local”, citou o prefeito interino Jeferson Garcia em seu discurso.


Para Márcia Gomes, Coordenadora Estadual do Programa Capital Humano e Social da Epagri, o evento é uma maneira de homenagear e reconhecer a classe. “A gente sabe da importância das mulheres ocuparem seus espaços. Além de valorizar esse lugar conquistado, é importante a discussão sobre a atividade da pesca que, para muitos, é invisível. É um dia para todas pararem e enxergarem o seu valor”, afirma Márcia.


A pesca artesanal foi a base para o nascimento e desenvolvimento de muitos municípios do litoral Norte de Santa Catarina. Edson Speck, Secretário Municipal de Agricultura e Pesca ressaltou essas raízes. “A atividade é um dos pilares da cultura da nossa região. Quase metade do pescado produzido no Estado passa pelas mãos dos nossos pescadores artesanais e, mais ainda, pelas mãos das mulheres que atuam puxando rede, beneficiando os pescados, agregando valor aos produtos. Tudo isso é feito diariamente por mães, esposas e filhas que compõem as famílias de pescadores”, conta Speck. O secretário ressalta a presença feminina e toda a cadeia pesqueira. “É comum se deparar com mulheres nas tarefas de confecções de redes, na captura de mariscos, moluscos e do próprio peixe para o processamento de pescados e, além de tudo isso, dão conta dos serviços diários da casa e da família”, acrescenta.


O litoral do Norte catarinense tem 39 colônias de pescadores, dessas, somente três têm mulheres como presidentes. Jacqueline Maria Ricardo é uma delas e hoje preside a Colônia Z1 de Pesca de Itapoá, da qual participam mais de 300 pescadoras. Ela relembra como essas mulheres que marcaram a história do ofício na cidade. “Se hoje trabalhamos com confiança de que somos valorizadas pelos nossos esforços, é porque sabemos que essa história de Itapoá passou pelas mãos de grandes mulheres por isso hoje somos representadas por outras mulheres comprometidas”, relata Jacqueline.


O encontro foi oportunidade para troca de experiências. Angélica de Jesus Ferreira tem 26 anos e, desde os 18, trabalha com a pesca, que é o sustento da família. Ela ajuda o marido na peixaria e ainda se ocupa no cuidado com os três filhos. “É uma correria o dia a dia, mas tem muito amor. Acredito no futuro dessa profissão, há muito o que aprender, desenvolver para agregar valor aos nossos produtos”, conta Angélica.


Dona Rosa Nogueira Batista, de 66 anos, já se aposentou, mas a pesca sempre foi a atividade principal da família. Ela tem quatro filhas, todas trabalharam como pescadoras. “Graças ao nosso trabalho milhas filhas se formaram, seguiram suas profissões. Para seguir esse caminho tem que ser guerreira, mas vale muito a pena, o pescado é um produto que sempre vai ter saída”, diz.


Durante o encontro a comunicadora Edla Zim da Silveira apresentou a palestra “A Virada depende de Nós”, também teve o maracatu do grupo Baque Mulher, de Matinhos. No final foi realizado o concurso Rainha da Praia.